Para os pescadores caiaqueiros, não há sensação melhor que sair por aí, atravessando todo o nosso Brasil, explorando as mais belas paisagens e aventuras, obviamente, parando um pouquinho para lançar as suas iscas nas águas.
É isso que está fazendo Evandro Figueiró, mais conhecido como Evando Matogrosso. Evandro tem 41 anos, é jornalista, economista e piloto civil, nascido e criado em Tangará da Serra-MT.
Porém, foi há apenas 15 anos que a sua paixão por caiaque começou. Pescador esportivo que é, sempre curtiu pegar os mais belos exemplares pelos rios brasileiros, principalmente nos rios próximos à sua cidade e região, com uma rica pesca de dourado, piraputanga, pintado, jaú e pacu.
Então, para buscar mais opções de locais de pesca, uma certa vez, decidiu comprar um caiaque para experimentar. Foi paixão à primeira vista.
No início as travessias eram pequenas, e Evandro Matogrosso não percorria distâncias tão longas. Mas, acredite, foi apenas questão de tempo!
Foto: Arquivo Pessoal / Evandro Matogrosso.
Há dois anos ele saiu de Cuiabá, no rio Cuiabá, seguindo pelo rio São Lourenço, Paraguai e Paraná, até chegar à Buenos Aires. Ao total, a primeira expedição teve 3.480 km e durou 5 meses e 25 dias.
Mas agora, em 2024, ele decidiu repetir a aventura. Dessa vez, explorando apenas os rios brasileiros e as paisagens sem igual das nossas águas.
“A ideia da nova expedição surgiu assim que eu terminei a primeira, né? Depois que eu terminei aquela expedição, eu senti a necessidade enorme de fazer uma exclusivamente em rios que cortam o nosso Brasil. A ideia era sair antes de um trecho da Amazônia, do rio Amazonas, mas depois a ideia mudou e foi amadurecendo, de sair de um rio incrível no Brasil Central, no centro de Mato Grosso, no Cerrado, mostrando os rios do Cerrado, como são preservados e cruzando a Amazônia”, comentou Matogrosso.
Foto: Arquivo Pessoal / Evandro Matogrosso.
Pelo roteiro de viagem, Evandro vai sair no rio Papagaio, que deságua no rio Juruena, seguindo por toda a sua extensão até chegar ao Teles Pires. De lá, já pega o rio Tapajós até desaguar no gigante rio Amazonas. No rio Amazonas, Matogrosso quer cruzar suas águas por Macapá até, finalmente, chegar ao oceano. E isso tudo em um Caiaque Barracuda Evolution para 150 quilos!
Passando por tantos rios riquíssimos, uma das ideias da expedição é praticar o pesque e solte, mostrando os lindos trechos que o passeio vai proporcionar. Evandro pesca desde a infância, quando ia pescar com o pai, explorando diversas águas da região. Agora, ele quer é explorar outros biomas, para ser um pouco diferente da última aventura.
Afinal, dessa vez, Evandro quer mostrar cenários de águas cristalinas e locais com grande variedade de peixes. Mas, como será que é o preparo para uma viagem de mais de 3 mil quilômetros?
“A preparação para viagem começa com o roteiro estabelecido. Depois do roteiro, vem as medidas de distâncias, os pontos que eu posso conseguir acesso à internet e alimentação, os pontos que eu posso conseguir resgate em algum caso de emergência… Mas é primordial o cálculo base de onde eu posso conseguir a alimentação e ajuda. Esse é um cálculo muito importante, até porque o caiaque tem um peso limitado e eu não posso levar tanta coisa”, comentou.
Para o caiaqueiro aventureiro, a maior dificuldade em fazer uma grande expedição é a financeira. Afinal, são meses que o pescador acaba ficando sem trabalhar, tendo todas as exigências de equipamentos, por exemplo.
Mas ele não guarda esses momentos marcantes apenas para si. Evandro tem um canal no YouTube e um Instagram, com 43 mil inscritos e 27 mil seguidores, respectivamente. Em ambas as redes, você o encontra pelo perfil @evandromatogrosso.
Lá, ele registra toda a expedição. Matogrosso grava, edita e já prepara todos os equipamentos para a viagem, como câmera, GoPro, drone, tablet… Todos carregados em pequenas placas solares.
Isso tudo para continuar registrando histórias marcantes. Na primeira viagem, Evandro comentou que viveu histórias emocionantes.
Foto: Arquivo Pessoal / Evandro Matogrosso.
Em uma delas, ele encontrou um “brasiguaio”, brasileiro que vivia há cerca de 40 anos no Paraguai. Era o Seu Roque, de 63 anos, quase cego, que vivia isolado em uma ilha. Mas a história com o Seu Roque, que começou tão emocionante, teve um triste fim.
“O Seu Roque me atendeu, deixou eu dormir lá no quintal da casa dele, e eu fiquei impressionado com a pobreza. Seu Roque era uma figura impressionante que morava sozinho nessa ilha, se alimentando do pouco que ele recebia de doações… Passamos uma noite de bastante conversa, uma noite fria, inclusive, chegando a 1 grau. No outro dia, ele pediu para que eu ficasse mais um tempo para a gente conversar, mas eu precisava continuar a viagem. Continuei e prometi voltar! Só que dois meses depois, como é uma região perigosa na fronteira com o Paraguai, duas pessoas pediram para acampar no rancho dele… E essas duas pessoas pareciam que tinham algum tipo de envolvimento com roubo de gado. Então, de madrugada, outras pessoas acabaram invadindo o rancho, matando os dois homens que estavam hospedados lá, e também o Seu Roque”.
Evandro contou que, hoje, a casa do Seu Roque virou um ponto de visitação, para que as pessoas possam fazer as suas orações para pescadores esportivos da região.
Apesar da história triste, Evandro Matogrosso viveu infinitos momentos de alegria pescando no caiaque. Aliás, pescador esportivo de caiaque… Está lembrando de alguém?
Perguntamos para Evandro se ele acompanhava o Remos e Rumos, onde Zinho Sorocabano mostra todas as suas aventuras de caiaqueiro e pescador. A resposta foi direta.
“Remos e Rumos é incrível, o Zinho é um pescador de primeira qualidade. Com o caiaque, ele mostra os peixes e todo o contato direto com a natureza. Tirando esses detalhes, não sei se temos tanta semelhança, porque o Zinho pesca bem melhor que eu, né? (risos)”, brincou Evandro.
A aventura de Evando só está começando, mas logo ele volta para contar os destaques dessa expedição incrível!
Boa viagem, Evandro Matogrosso!
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