Uma análise inédita e de extrema importância, que aquece o debate para dois temas essenciais: a saúde dos animais aquáticos e o combate ao tráfico de drogas.
Uma pesquisa realizada pelo Instituto Oswaldo Cruz, uma das maiores instituições pesquisa e desenvolvimento em ciências biológicas do país, e publicada na revista Science of the Total Environment, constatou que tubarões que vivem na costa do Rio de Janeira apresentam cocaína em seus organismos.
Pesquisadores estudaram cada exemplar capturado. Foto: Divulgação.
Para estudar a espécie, pesquisadores fizeram análises em 13 exemplares de tubarão bico-fino, na costa do Recreio dos Bandeirantes, Zona Oeste da cidade.
Em, absolutamente, todos os exemplares, tanto no fígado quanto nos músculos dos animais, a droga estava presente (a maior parte nos músculos, o que prova os altos índices encontrados).
Apesar de inédita em tubarões, não é a primeira vez que cientistas encontram cocaína em animais aquáticos. Porém, em pesquisas anteriores, os números eram bem menores.
Para se ter uma noção, a pesquisa publicada na semana passada, em comparação a estudos anteriores, indica um número, aproximadamente, 100 vezes maior!
Tubarão bico-fino pode sofrer com a droga no organismo. Foto: Andy Murch.
Para os pesquisadores, os resultados do estudo levantam preocupações a respeito de temas importantes em nossa sociedade. Segundo a análise, os tubarões se contaminam de formas distintas, principalmente pela água, diretamente, além da alimentação de animais já contaminados.
Para a saúde da espécie, os cientistas afirmam que os impactos podem ser grandes, principalmente quando nos referimos à reprodução do tubarão bico-fino.
A pesquisa ainda faz um alerta, já que pescadores artesanais capturam a espécie para a venda e consumo, correndo riscos, também, para a saúde humana.
De onde vem essa cocaína?
Tráfico de drogas é o grande responsável pelas águas contaminadas. Foto: Divulgação / Polícia Civil.
Várias podem ser as origens da droga na costa do Rio de Janeiro.
Primeiramente, é bom lembrar que, de acordo com o Boletim Estatístico do Superior Tribunal de Justiça de 2023, o Rio de Janeiro é a quarta cidade do país com maiores índices de processos por tráfico de drogas.
Somente com esta informação, já podemos ter uma ideia de onde ela vem.
Porém, para os pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, a cocaína pode chegar até o mar através de pacotes da droga perdidos ou jogados na água, de drenagem de laboratórios ilegais, do esgoto que é despejado no mar sem tratamento e até mesmo dos próprios usuários.
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