Tilápia no mar? De acordo com pesquisadores, peixe de água doce está se adaptando e se espalhando

De caráter invasor, peixe está tomando conta de vários locais da costa do nosso país, podendo trazer desequilíbrios ecológicos.

Por Marcelo Telles - 25/10/2023 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 25/10/2023 as 15:19

Um dos peixes mais conhecidos e consumidos em todo o planeta, a Tilápia, famoso peixe de água doce, agora está apresentando algumas características diferentes.


Recentemente, em um estudo inédito publicado pela Aquatic Ecology, renomada revista científica, foram apresentadas evidências de que a espécie está se adaptando ao mar. No Brasil, exemplares da espécie já foram encontrados em diversas praias, desde o litoral de Santa Catarina até o litoral do Maranhão. O trabalho científico tem autoria de pesquisadores brasileiros de onze instituições diferentes.



Um detalhe, porém, é que a Tilápia é uma espécie que não é nativa do nosso país. Africana de origem, essa espécie apresenta características invasoras e sua presença em um ambiente marinho pode trazer desequilíbrios preocupantes no ecossistema, como o nascimento fora de controle de organismos como algas e bactérias, podendo trazer diversas doenças para outras espécies que ali vivem.


Além disso, a Tilápia também pode competir com peixes nativos dessas regiões, brigando por alimentos e por território, por exemplo, ainda mais tratando-se de uma espécie bastante territorialista. Outro detalhe é que essa espécie costuma se alimentar de pequenos peixes, camarões e crustáceos.


Mas, por que isso está acontecendo? Por que esses peixes têm essa facilidade?



Pois bem, de fato, de acordo com os pesquisadores e cientistas autores do projeto, a Tilápia possui ancestrais que viviam no mar. Com isso, mesmo após anos de evolução, a espécie pode sobreviver em determinados ambientes marítimos, dependendo do grau de salinidade.


Para os pesquisadores, uma das hipóteses, também, é de que a espécie pode estar usando os rios que desaguam no mar como corredores ecológicos.


Outro agravante, para os estudiosos, podem ser erros nos setores de aquicultura. Sem um controle preciso e com o número alto de exemplares criados, esses locais podem descartar peixes de maneira errônea, ajudando a crescer o número de cardumes nesses ambientes.



Os pesquisadores ainda atenção ao fato de não haver um confinamento adequado para esses peixes na maioria dos locais de aquicultura no Brasil, o que intensificaria essa preocupação. 



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