A chegada da seca na Amazônia transforma a paisagem e interfere nas relações entre os animais e o ecossistema. Essa época indica o momento do início do ciclo reprodutivo dos quelônios amazônicos.
Pesquisadores do Programa de Pesquisa em Conservação e Manejo de Quelônios, realizado pelo Instituto Mamirauá, estudam a ecologia reprodutiva de três espécies de quelônios da região do Médio Solimões: a iaçá (Podocnemis sextuberculata), o tracajá (Podocnemis unifilis) e a tartaruga-da-amazônia (Podocnemis expansa). Nesse trabalho, os pesquisadores monitoram áreas de desova dessas espécies, que são principalmente as praias que se formam na estação seca.
O monitoramento acontece do período de desova até a saída dos filhotes do ninho. Os pesquisadores percorrem as praias durante a noite em busca de ninhos novos e fêmeas. Quando encontradas, elas são capturadas e é feita a medição, pesagem e marcação nos cascos. Após, elas são liberadas.
"Com essa pesquisa, a longo prazo, podemos avaliar diversos aspectos da biologia e ecologia reprodutiva desses animais. Ampliando o conhecimento científico sobre eles e colhendo dados que poderão subsidiar estratégias de conservação dessas espécies de quelônios", afirma Ana Júlia Lenz, pesquisadora do Instituto.
Os ninhos encontrados são marcados por GPS, e é feita a biometria dos ovos (medição e pesagem). Esses ninhos são acompanhados durante todo o ciclo reprodutivo até a saída dos filhotes. Após o nascimento, esses animais também têm seus dados individuais coletados e, após a marcação, são devolvidos ao local de nascimento.