Queimadas no Pantanal atingem maior número da história das medições (mais que o dobro de 2020)

De acordo com o INPE, 1º semestre de 2024 tem o pior número desde o início das medições, em 1988, ultrapassando o recorde anterior: de 213 mil hectares em 2020, para mais de 530 mil este ano.

Por Marcelo Telles - 28/06/2024 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 28/06/2024 as 16:25

O Pantanal está em chamas! De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, o INPE, os números do primeiro semestre deste ano ultrapassam o recorde anterior, em demasia. Segundo as pesquisas, que começaram a ser realizadas no ano de 1988, o recorde, até o início desse ano, era de 2020, com 213 mil hectares destruídos.


Porém, o primeiro semestre de 2024 ultrapassou (e muito) os números de quatro anos atrás, atingindo mais de 530 mil hectares! O Pantanal pede socorro!


Queimadas estão atingindo área gigantescas no Pantanal. Foto: Divulgação. 


Um dos principais biomas brasileiros, o Pantanal é responsável por uma variedade imensa de fauna e flora, sendo um dos melhores destinos do planeta para o ecoturismo e a pesca esportiva, por exemplo.


De acordo com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o Pantanal possui, no mínimo, 260 espécies de peixes, 650 espécies de aves, mais de 100 espécies de mamíferos, 170 de répteis e 40 de anfíbios.


Mas, para a tristeza de todo o meio ambiente, o que temos visto são animais carbonizados, na tentativa de fugir de um fogo que vem de todos os lados, os encurralando e tornando a fuga impossível.


Animais estão sendo encontrados carbonizados na tentativa de fuga das chamas. Foto: Reprodução / Revista Plateia. 


Somente na Serra do Amolar, considerada um santuário de biodiversidade do Pantanal, o fogo já destruiu mais de 1,5 mil hectares de vegetação nativa.


Em 2020, quando tivemos um terço do bioma devastado, os números já assustavam imensamente. Hoje, em 2024, não conseguimos nem mensurar o tamanho da destruição, que devasta o bioma.


De acordo com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, que descreveu o acontecimento como “uma das piores situações já vistas no Pantanal”, os incêndios tem uma causa principal: a ação humana. Já que nesse período, por exemplo, o Pantanal não tem incêndios provenientes de raios.


Para especialistas, alguns fatores causaram toda esse destruição, como a ação do ser humano e as mudanças climáticas, além dos efeitos mais intensos dos fenômenos El Niño e La Niña. O ministério do Meio Ambiente também afirmou que estão proibidas, até o final de 2024, as “queimas controladas”, feitas para renovação de pastagens, manejo ou outro cultivo.


Por enquanto, ainda segundo o INPE, são mais de 3.370 focos de queimadas, um número 2.074% maior que o que o primeiro semestre do ano passado. Tanto os focos de queimadas, quanto o número de hectares destruídos, são recordes do INPE, atingindo o maior número desde o início das medições.


Com a situação, na última segunda-feira, dia 24 de junho, o governo do estado do Mato Grosso do Sul decretou situação de emergência.


Situação de emergência foi emitida por conta das fortes queimadas. Foto: Reprodução. 


Porém, não é só o Pantanal que está sofrendo com os números de queimadas no primeiro semestre de 2024. Com exceção do Pampa, afetado pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul, todos os outros biomas registraram aumento no número de queimadas, se forem comparados ao mesmo período no ano passado.


Na Amazônia, por exemplo, temos o pior número desde 2004, com quase 13 mil focos de queimadas encontrados, superando em quase 80% o ano de 2023.


Já no Cerrado, na fronteira agrícola entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, foram registrados mais de 12 mil focos de incêndio nesse semestre, superando em mais de 30% os números do ano passado. Também é o maior registrado desde o início das medições do INPE.


Além dos números assustadores, outros fatores preocupam. Esses incêndios no Pantanal, por exemplo, não deveriam acontecer com tanta frequência no primeiro semestre, já que a alta desses números costumam ocorrer entre agosto e outubro, com o pico deles no mês de setembro.


Para especialistas, as mudanças climáticas deixam o tempo mais seco, o que facilita a propagação das chamas. Se continuar do jeito que está, até o final do ano, as queimadas podem ser catastróficas para o bioma.


O Rio Paraguai, um dos mais importantes do país, também está apresentando os efeitos do desastre. Em medições feitas na cidade de Ladário, no Mato Grosso do Sul, a média do nível do rio foi de 92 centímetros, em um local que estava acostumado a ter sua média em 2,56 metros. Durante as queimadas de 2020, por exemplo, o Rio Paraguai atingiu 1,30 metro nessa região.


Peixes encontrados mortos durante seca do Rio Paraguai. Foto: Reprodução / Instagram. 


O Rio Paraguai tem uma aérea de 1.095.000 km², com 33% de sua área estando no Brasil, além de banhar a Argentina, a Bolívia e o Peru.


Também é importante lembrar que os principais afluentes dos rios que vão até o Pantanal, nascem em áreas de Cerrado, que também está sofrendo com o desmatamento. 




Avalie esta notícia:

MAIS NOTÍCIAS