Recentemente, nas redes sociais, muito se debateu a respeito de um vídeo, que mostra pescadores tentando “salvar” uma pirarara, que estaria se engasgando com uma iguana. Porém, apesar da boa intenção inicial, a atitude não foi a correta. A Fish TV vai te explicar.
Num geral, nós NUNCA devemos intervir nas ações dos animais dentro de seu habitat, pois o que parece ser uma ajuda, pode ter consequências sérias para as próximas gerações. No caso da pirarara, os pescadores retiraram o réptil de dentro do peixe à força, o que pode ter causado danos internos, além de prejudicar o código genético.
Conversamos com o biólogo e zootecnista Fabio Mori, que comentou: “É bem provável que a pirarara (do vídeo) tenha morrido de hemorragia interna”.
Partes do vídeo que circulou na internet mostrando a pirarara e a iguana. Foto: Reprodução / Instagram.
Ele explica que a iguana é um animal de pele áspera, com unhas e saliências que funcionam como forma de defesa contra a predação. Da forma como os pescadores fizeram, arrancando a iguana de dentro do peixe, possivelmente, causaram fissuras e cortes na garganta, nos rastros branquiais, na faringe e no estômago da pirarara.
“A pirarara do vídeo já estava na ‘conta natural’ da porcentagem de peixes que se alimentam de forma errônea. Os poucos que sobrevivem já transmitem, em seu DNA, a informação de que ‘não se deve comer iguanas’, por exemplo. Tudo faz parte do equilíbrio dos ecossistemas. É assim que as gerações futuras evoluem. Quem não evolui, pode desaparecer”, explica Mori.
Apesar da intenção de ajudar, não devemos intervir. Foto: Reprodução.
Interferir nas ações dos animais em seu habitat natural pode ter várias consequências negativas, tanto para os animais, quanto para o ecossistema como um todo, já que são sistemas complexos e interdependentes, e cada espécie desempenha um papel específico que ajuda a manter o equilíbrio ambiental.
Mudanças causadas pelo ser humano podem ser difíceis de reverter, trazendo consequências a longo prazo.
Podemos usar como exemplo, o cachorro. Se soltarmos, no meio da selva, um cachorro selvagem africano e um poodle domesticado, obviamente, o cachorro selvagem possui muito mais chances de sobrevivência, pois já foi transmitido, entre as suas gerações anteriores, as habilidades e artimanhas para sobreviver sozinho. Afinal, se não tem experiência, não tem o código genético para o desenvolvimento do instinto.
Cachorro selvagem africano. Foto: Reprodução / Mega Curioso.
De acordo com Mori, o correto é seguir, por exemplo, as recomendações dos grandes safáris e observatórios africanos, de nunca interferir nas ações dos animais na natureza.
É totalmente diferente, por exemplo, para o caso de salvar um animal perdido na beira da estrada, onde não está correndo um perigo “natural”, mas sim, por estar em um ambiente urbano. Nesses casos, o correto é tentar ajudar.
Já em seu habitat, não podemos tentar salvar um animal que está sendo caçado, e nem mesmo tentar ajudar um filhote indefeso. O curso da natureza deve seguir.
A interferência humana em qualquer ambiente de natureza deve ser mínima, priorizando o equilíbrio natural e o curso da vida.
A natureza é perfeita e devemos interferir o menos possível. Foto: Reprodução.
Podemos citar como exemplo a pesca esportiva, que não interfere na vida dos animais, já que prioriza a saúde e bem-estar dos peixes, sento totalmente sustentável.
A ideia é sempre se conectar com a natureza, mas deixar a natureza seguir o seu próprio rumo, independente de suas intenções.
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