Peixes e tartarugas com úlceras e conjuntivite: o que pescadores estão encontrando no ES?

Mais cenas tristes encontradas na natureza após grandes desastres ambientais.

Pescadores que vivem nos rios e no mar do Espírito Santo têm observado diversos animais doentes e deformados, com uma aparência bem diferente do que era comum antes do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana-MG, que ocorreu no dia 5 de novembro de 2015.

Entre as ocorrências, há tartarugas com conjuntivite severa e úlceras em diversas partes do corpo, principalmente na cabeça e nas nadadeiras, além de peixes com ferimentos bem visíveis e ostras cheias de lama.

Peixes deformados estão sendo encontrados. Foto: Arquivo Pessoal. 

De acordo com os trabalhadores nas áreas impactadas pelo desastre, também foram vistos animais vivos exalando um grande mau cheiro, além de que o material encontrado nesses locais não se parece com o que existia no mangue antes do incidente.

Os relatos vão de encontro com as informações de pesquisadores que afirmaram ter detectado a presença de metais oriundos do rompimento da barragem em todos os níveis de vida analisados na foz do Rio Doce e na costa marinha do Espírito Santo, além de regiões do Sul da Bahia.

Mesmo após 9 anos do desastre, no total, foram identificados pelo menos 15 metais diferentes em animais, incluindo espécies no topo da cadeia alimentar, como tartarugas e baleias.

Tartaruga encontrada repleta de ferimentos. Foto: PMBA Fest. 

Em estudos anteriores, a contaminação causada pela lama de rejeitos era principalmente observada em organismos microscópicos e na base da cadeia alimentar. Metais também foram encontrados em aves e em toninhas, um dos menores mamíferos dos oceanos.

Todos esses dados constam no 5° relatório anual sobre os ambientes de água doce, costeiros e marinhos.

Vários locais foram atingidos pela lama do rompimento da barragem, em 2015. Foto: Leonardo Merçon / Instituto Últimos Refúgios. 

Pescadores de Aracruz encontraram uma tartaruga resgatada, que apresentava várias deformações. Para especialistas, ela está com uma doença viral que afeta essa espécie, e é observada em todo o mundo, sendo associada à áreas poluídas.

Como os estudos indicaram uma degradação na saúde desses animais devido ao rompimento da barragem, essa condição pode estar se agravando.