Um dos maiores vilões conhecidos da saúde pública em nosso país, o mosquito Aedes Aegypti, transmissor de vírus de diversas doenças, como dengue, zika, chikungunya e febre amarela, ainda mais presentes no verão, pode ter mais um grande problema quanto à sua proliferação.
Mas quem diria que esse grande combatente ao mosquito poderia vir, justamente, das águas?
A espécie de peixe Poecilia Reticulata, mais conhecida como “barrigudinho” ou “guppy”, se mostrou bastante eficaz no controle dos Aedes Aegypti, em um estudo realizado por Luiz Carlos Guilherme.
O pesquisador é da Embrapa Cocais, unidade ecorregional da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária, a Embrapa, vinculada ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.
Pesquisador com exemplares da espécie. Foto: Reprodução / Embrapa.
A pesquisa foi realizada durante o curso de doutorado de Luiz Guilherme, em Genética e Bioquímica pela Universidade Federal de Uberlândia, Minas Gerais. As informações foram divulgadas, recentemente, pela própria Embrapa.
O Poecilia Reticulata pode ser facilmente encontrado em diversos rios das regiões Sudeste, Norte e Nordeste do país. Em sua forma original, possui um tom cinzento, nadadeiras curtas e alguns pontos de cor. Porém, a partir de cruzamentos em cativeiro, costuma adquirir cores fortes, dos mais variados tons. A partir daí, existem diversas "raças" ou "matrizes” do peixe em questão.
Durante a pesquisa, ele concluiu que a espécie era um peixe “larvófago”, ou seja, que se alimenta de larvas. Com isso, as larvas do mosquito Aedes Aegypti acabaram virando uma fonte de alimento importante para o Barrigudinho, o que reduziu o uso de larvicidas, se tornando, também, um projeto com grandes impactos socioeconômicos e ambientais.
Objetivo é combater, fortemente, a proliferação do mosquito. Foto: Reprodução / iNaturalist.
Após a descoberta, foi lançado, em Uberlândia, o Projeto Dengoso, premiado pelo Banco do Brasil, que realiza o controle biológico das doenças em que o mosquito é o vetor, se tornando uma alternativa que pode ser utilizada sem grandes financiamentos e com mão de obra reduzida. No estado, o projeto já faz parte do programa de controle ao mosquito.
O estudo deixou claro que, após ser feito um povoamento com o peixe em locais com maior probabilidade de incidência das larvas do mosquito, em um raio aproximado de 100 metros, foi notória a diminuição dos casos das doenças citadas acima.
Projeto já está sendo aplicado há tempos. Foto: Reprodução.
No estado do Piauí, onde o projeto também foi colocado em prática, ações de conscientização em escolas da região também alertam sobre a importância de combater o Aedes Aegypti, além de todos os malefícios que ele pode causar.
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