No início deste mês, começou a ser compartilhada nas redes sociais o registro de um exemplar de peixe-leão na praia de Jacumã, no estado da Paraíba. Porém, um pescador ter encontrado uma espécie nada comum de um peixe é algo que pode acontecer e não deve trazer mais problemas, correto? Não neste caso.
Logo após o compartilhamento do primeiro registro, um alerta foi lançado, já que um segundo exemplar da espécie também foi identificado na cidade de João Pessoa-PB, aumentando a preocupação de todos.
O peixe-leão, natural da Ásia, também conhecido em outras regiões como peixe-dragão, peixe-escorpião e até peixe-pedra, é um peixe marinho predador e muito venenoso. Normalmente, em sua caçada, encurralam as presas com seus grandes espinhos dorsais (são 18 espinhos venenosos), antes de devorá-las.
Mas os fatores naturais para a sobrevivência da espécie não são nocivas ao meio ambiente, trazendo uma forte ameaça para toda a vida marinha de onde ele se encontra.
A espécie, dos gêneros Pterois, Parapterois, Brachypterois, Ebosia ou Dendrochirus, pertencentes à família Scorpaenidae, possui fácil reprodução e vem se multiplicando em grandes quantidades em nosso litoral.
Uma fêmea da espécie, por exemplo, pode colocar até dois milhões de ovos. Por seus grandes espinhos, a espécie invasora não possui predadores e sua população só tende a crescer. O problema é que sua presença afeta a biodiversidade local, o turismo e a pesca, se tornando uma questão, até mesmo, de saúde pública.
Um grande exemplo disso aconteceu com um pescador, de 24 anos do Ceará, que entrou em contato com um exemplar e foi hospitalizado, apresentando convulsões. O que pode causar sintomas assim é o contato direto com animal, pisando ou esbarrando em algum peixe-leão.
A espécie tem se tornado uma grande preocupação, já que pesquisadores e estudiosos já chegaram à conclusão de que o peixe-leão está tomando território de várias regiões do litoral brasileiro.
Há uma suspeita de que esses exemplares presentes no nosso país tenham vindo da região do Caribe, que os trouxe até algum recife do Rio Amazonas.
Porém, não é a primeira vez que um exemplar da espécie é visto em território nacional. Entre 2014 e 2015, por exemplo, se teve registro de suas primeiras aparições do peixe-leão no Rio de Janeiro. Anos depois, eles começaram a ser notados no Norte e, agora, no Nordeste.
Os pesquisadores comentam que um fato que agrava é a situação é a frequente presença desta espécie em estuários de rios, berços da vida marinha no nosso país.
De acordo com o ICMBio, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, o veneno não chega a ser fatal para pessoas saudáveis, porém, o contato direto com o peixe-leão pode causar dores, enjoos, bolhas e, como no caso do pescador cearense hospitalizado, convulsões.
Já o Ibama, Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, apresentou três medidas para o caso:
- Proibição da importação desses animais para qualquer finalidade, mesmo que a legislação permita, a princípio, a importação;
- Edição da Portaria que proíbe a importação de cinco espécies do gênero Pterois;
- Criação, em 2022, de Grupo de Trabalho para formular proposta de ato normativo sobre manejo do peixe-leão; articular órgãos de meio ambiente e a pesquisadores especialistas; reunir informações e documentos técnicos; e discutir plano de ação emergencial para enfrentamento da bioinvasão.
para comentar