Nova espécie de bagre é descoberta na Amazônia

Biólogo Lawrence Ikeda destacou a importância da espécie

Por Alison Mota - 28/05/2020 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 04/08/2020 as 09:56

Somente a bacia do rio Amazonas possui 956 espécies de peixe bagre conhecidas pela ciência, e esse número acaba de aumentar. Foi descoberto, em um curso de águas na cidade de Rio Preto da Eva, que fica a 78 km da capital amazonense de Manaus, um exemplar que possui corpo semi-transparente e seu crescimento não ultrapassa os 1,5 cm. A descoberta recebeu o nome científico de Ammoglanis obliquus.

A espécie encontrada na cidade amazonense vive em bancos de areia, se alimentando de sangue e da mucosa de animais maiores ou em decomposição. O diferencial do Ammoglanis obliquus para outras peixes do mesmo gênero está na quantidade e formato dos ossos, além da dentição e pelo número e localização das nadadeiras. A sua coloração, que apresenta manchas por todo o corpo, é encontrada apenas em um peixe do mesmo gênero, o Ammoglanis pulex, encontrada na bacia do rio Orinoco, na Venezuela.

A descoberta da nova espécie foi feita pela primeira vez em 2019, em uma pesquisa liderada pela bióloga brasileira Elisabeth Henschel, junto com uma equipe de pesquisa do Laboratório de Sistemática e Evolução de Peixes Teleósteos da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Os estudos foram publicados em fevereiro no periódico internacional Zoosystematics and Evolution, e contou com apoio da National Geographic Society.

O biólogo e apresentador do programa Biopesca, Lawrence Ikeda, comentou o feito científico e destacou a importância da espécie para o ecossistema. “Toda e qualquer espécie desempenha um importante papel ecológico. Seja nas interações inter e intraespecíficas e também com o meio ambiente. Independentemente do tamanho ou beleza, elas são fundamentais para o equilíbrio ambiental. Para exemplificar, imagine uma espécie de peixe esportivo que se alimenta de um outro peixinho menor, mas esse, sem interesses comerciais ou recreativos. Se por alguma ação antrópica (humana) esse peixinho é extinto, o impacto sobre a espécie esportiva seria desastroso”, ressalta.

 Outro ponto para a reflexão é referente ao número de espécies que ainda não foram identificadas e descritas e que, pela falta de preservação ambiental, estão sendo extintas sem que as conheçamos. “Também devemos ressaltar a importância dos investimentos em ciência e pesquisa para a preservação. Destaco ainda que a descrição dessa nova espécie foi feita por uma pesquisadora, mostrando um papel crucial e importante das mulheres na ciência. O conhecimento é uma ferramenta essencial para a preservação socioambiental e econômica.”

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