Nova espécie de bagre Cambeva é identificada em riachos de Minas Gerais

Espécie, que pode estar ameaçada de extinção, foi descrita no Rio das Velhas, bacia do Rio São Francisco, na área da Serra do Espinhaço.

Por Marcelo Telles - 09/09/2024 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 09/09/2024 as 14:51

Pesquisadores de diferentes instituições identificaram uma nova espécie de bagre do gênero Cambeva, encontrada em riachos da região do Rio das Velhas, na bacia do Rio São Francisco, na região da Serra do Espinhaço.


O estudo envolveu a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), a Universidade Federal do Tocantins (UFT), a Universidade Federal do Maranhão (UFMA) e a Faculdade Eduvale de Avaré.


Originário do Cerrado, o novo peixe foi descoberto no Córrego do Jambreiro, em Nova Lima-MG, e no Ribeirão da Prata, na cidade de Raposos-MG. Denominado Cambeva damnata, esse peixe tem uma coloração cinza-amarelada com grandes manchas marrons de formas irregulares.


Espécie possui características marcantes. Foto: Axel Katz.


O Córrego do Jambreiro enfrenta riscos de degradação devido à atividades de mineração, como o assoreamento dos rios, a destruição da vegetação ciliar e a poluição das águas. No caso do Ribeirão da Prata, a principal ameaça é a expansão urbana.


Esses fatores, que afetam as duas áreas onde o peixe foi encontrado, sugerem que a espécie pode estar correndo um sério risco de de extinção.


Segundo um dos pesquisadores da UFRJ, os exemplares são pequenos bagres, com menos de 7 centímetros de comprimento. Sem escamas, o peixe possui uma pele escorregadia.


Espécie é pequena, não passando de 7cm de comprimento. Foto: Axel Katz.


Os cientistas indicam que a principal medida para conservar a espécie é proteger as nascentes, seguida pela preservação da mata ciliar do Rio das Velhas e seus afluentes.


Além disso, é crucial reduzir as atividades humanas na região, pois essas podem modificar significativamente o ambiente físico e químico e criar barreiras para a sobrevivência de espécies vulneráveis, que necessitam de um habitat bem preservado.


Os pesquisadores destacam que, apesar da alta diversidade de peixes de pequeno porte, essas espécies são menos capturadas e estudadas do que as maiores. Cada microbacia pode ter espécies endêmicas, mas são necessários estudos mais aprofundados para identificá-las.


A descoberta constante de novas espécies de bagre nos rios brasileiros pode ser atribuída à uma combinação de fatores ecológicos, geográficos e biológicos.


Local onde a nova espécie foi identificada. Foto: Axel Katz.


A vasta diversidade de habitats nos nossos rios oferece uma ampla gama de ambientes aquáticos, que vão desde áreas de águas rápidas e turbulentas até zonas de águas paradas e lamacentas.


Essa variedade de ambientes permite que diferentes espécies de bagre se adaptem. Assim, a quantidade ainda não explorada de áreas remotas, aliada à falta de estudos detalhados em muitos desses locais, resulta na descoberta contínua de novas espécies. 


Os pesquisadores envolvidos foram Axel Katz, Wilson Costa, Valter Azevedo, Felipe Polivanov e Paulo Vilardo.



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