Em uma operação de mergulho no Parque Nacional Marinho de Fernando de Noronha, realizada no final de fevereiro, foi capturado o maior peixe-leão já registrado no mundo. O exemplar, que atingiu 49 centímetros, superou os recordes anteriores da espécie, que eram de 45,7 cm na Venezuela e 47,4 cm nos Estados Unidos.
A captura foi realizada pela empresa Sea Paradise, em parceria com o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio). Embora o feito tenha sido impressionante, ele também acendeu um alerta entre os especialistas sobre a crescente presença do peixe-leão no arquipélago.
Foto: Sea Paradise.
Segundo especialistas, o aumento significativo da população de peixe-leão em Noronha indica uma abundância de presas, principalmente de peixes nativos, o que pode causar sérios danos à biodiversidade da região.
O peixe-leão, originário da região Indo-Pacífica, foi avistado pela primeira vez no Brasil em 2014 e documentado em Fernando de Noronha em 2020.
Com uma reprodução muito prolífica, a espécie pode liberar até 30 mil ovos por vez e tem uma alimentação extremamente agressiva, consumindo até 20 peixes em apenas meia hora. Essa voracidade contribui para o desequilíbrio ecológico, já que os peixes nativos da região enfrentam sérias ameaças.
Desde que o manejo do peixe-leão começou em Fernando de Noronha, mais de 1.200 exemplares já foram removidos da região, e neste ano, cerca de 200 capturas já ocorreram. O recorde de tamanho foi alcançado por Fernando Rodrigues, mergulhador da Sea Paradise, que participa ativamente do monitoramento e controle da espécie. Em uma operação recente, no início de março, a equipe capturou 61 exemplares de peixe-leão em um único mergulho, revelando a adaptação impressionante dessa espécie ao ambiente marinho local.
Foto: Animalia / disponível sob a Licença Creative Commons Attribution-ShareAlike 3.0
O peixe-leão continua a ser uma preocupação para os ecossistemas marinhos brasileiros, com sua rápida propagação pelo litoral do país, especialmente nos estados de Pernambuco e Alagoas, desde 2022.
A ausência de predadores naturais e sua capacidade de reprodução em grande escala tornam o controle da espécie um desafio constante. Além disso, o veneno do peixe-leão, embora não fatal para seres humanos saudáveis, pode provocar sintomas graves, como dores intensas, náuseas e até convulsões, como foi o caso de um pescador no Ceará em 2022.
A luta para proteger o ecossistema único de Fernando de Noronha contra essa invasão continua, com esforços de manejo, monitoramento e educação ambiental buscando minimizar os impactos desta espécie invasora.
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