A Convenção sobre Conservação de Espécies Migratórias de Animais Silvestres, conhecida como CMS ou Convenção de Bonn, incluiu 14 espécies na Lista de Proteção Internacional, que tem o objetivo de unir e criar uma rede de cooperação entre os países para a proteção dos animais migratórias.
Destes 14, dois são Bagres de origem amazônica: a Dourada (Brachyplatystoma rouseauxii) e a Piramutaba (Brachyplatystoma vaillantii). A presença de peixes de Amazônia nessa lista é inédita.
A Piramutaba chega a percorrer 5.550km, desde Belém-PA até Iquitos, no Peru, conhecida como a “capital da Amazônia peruana”.
Exemplar de Piramutaba. Foto: Reprodução / ÁguasAmazônicas.
Já a Dourada, que tem esse nome por ter pele sem escamas com tons prateados e dourados, faz um caminho recorde: 11.600km, se tornando o peixe que percorre o maior caminho de migração em água doce do mundo. Esse caminho, por exemplo, é maior do que a distância entre o Rio de Janeiro até Nova York, nos Estados Unidos.
Exemplar de Dourada. Foto: Michael Goulding / WCS.
Sua reprodução acontece nas encostas da Cordilheira do Andes e, ao nascer, ainda em fase larval, já começa a descer o rio até o estuário, zona de transição alagada, onde permanece até chegar à fase adulta.
Depois, retorna às cabeceiras dos rios para a reprodução. Quando adulto, o peixe pode chegar a medir 1,80m.
A CMS foi criada em 1979, implementada 4 anos depois, e divide as espécies em dois grupos, os chamados “anexos”.
Representantes de diversos países estiveram presentes na decisão. Foto: Reprodução / TecMania.
No primeiro grupo, entram as espécies migratórias que estão muito ameaçadas de extinção. Já na segunda parte da divisão, entram as espécies migratórias que são protegidas por meio de acordos.
Os peixes amazônicos, porém, entraram na segunda parte do anexo, se encaixando nas espécies protegidas por lei que precisam de muita atenção por futura possibilidade de extinção.
A preocupação com esses dois peixes aumenta ainda mais quando sabemos que eles são alvo de pesca predatória, o que faz crescer as chances de uma extinção.
Garoto segura exemplar de Dourada. Foto: Michael Goulding / WCS.
As hidrelétricas também são perigosas para os peixes migratórios, já que anulam a conectividade das águas, impedido a passagem. No ano passado, a dourada já havia sido declarada como “vulnerável” à extinção, se tornando alvo de preocupação dos estudiosos.
Além dos peixes, a CMS ainda aprovou o projeto Onça-Pintada, que tem como objetivo principal a cooperação entre os países em que a espécie é encontrada, criando “corredores transfronteiriços”.
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