Falar sobre poluição do meio ambiente, infelizmente, acaba
se tornando assunto corriqueiro, principalmente pela forma como o descarte
incorreto de lixo afeta a vida selvagem. Entre os materiais que mais causam
problemas, até pelo longo tempo que levam para se decompor, estão os plásticos.
Estudos têm focado em revelar a forma como esses materiais prejudicam peixes. Já
foram mostrados resultados no Amazonas e também no mar. Agora, uma inédita pesquisa revela que, na região Sudeste, a espécie curimba, também conhecida
como curimbatá, tem sido afetada pela ingestão de plástico.
Para a pesquisa, 32 peixes foram coletados em dois diferentes
ambientes, sendo um deles na parte mais poluída do rio Tietê e o outro no rio
do Peixe, menos degradado. A maioria dos exemplares estudados (71,88%) tinha
plástico no sistema digestivo, com média de 3,26 (na parte menos afetada do
rio), e 9,37 (na parte mais afetada) partículas por indivíduo. Os tamanhos dos
materiais encontrados nos peixes variavam de 0,18 a 12,35 mm. O estudo ainda
cita que a ingestão dos plásticos deva ser predominantemente acidental, uma vez
que essa espécie de peixe tem o hábito alimentar iliófago, ou seja, que se
alimentam de larvas de insetos, moluscos e crustáceos. A pesquisa, liderada pela mestranda Bruna Urbanski e o Prof. Dr. Marcos Nogueira, e em coautoria com Dr. Valter e Msc Ana Denadai, foi apoiada pela FAPESP (FAPESP - Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo).
Um dos pesquisadores do artigo científico, o biólogo Valter
Azevedo-Santos, conta que estudos abordando a poluição por plástico no Brasil são
poucos, por isso a importância de pesquisar sobre o tema. “O que motivou os
estudos foi a necessidade de saber se os peixes de um rio impactado como o
Tietê estavam ingerindo plástico. Ainda mais que nesse curso de águas existem
muitas espécies com valor comercial”, afirma. Essa é uma das preocupações
levantadas pelo artigo, pois é preciso alertar que há potencial dessa
contaminação afetar quem consome os peixes provenientes da bacia do Tietê.
Ainda que os estudos foquem na ingestão de plástico pelos
peixes, o biólogo alerta para outras formas em que os materiais plásticos
descartados incorretamente afetam a vida aquática. “Por exemplo, redes de
poliamida que são abandonadas continuam pescando por anos, que é o que chamamos
de pesca fantasma. Em resumo, os principais impactos do descarte incorreto de
plástico são o emaranhamento, seja por redes ou lacres, e a ingestão desses
materiais, levando até a morte dos animais que ingeriram”, descreve.
Próximos passos
Agora que os dados foram coletados para a pesquisa, Azevedo
cita quais os próximos passos que devem dados. “Além da divulgação na mídia,
acreditamos que as autoridades que tomam decisões, como prefeitos e Governador,
principalmente do Estado de São Paulo, que é onde foi feito nosso estudo,
precisam se conscientizar e criar meios de minimizar a entrada de plástico nos
rios”, almeja.
Na Fish TV, o assunto preservação é recorrente, afinal, sem um meio ambiente saudável a pesca esportiva não tem futuro. Que possamos ver cada mais iniciativas como a do estudo, provando a necessidade de se conservar a natureza.
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