De acordo com professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e coordenador do Núcleo de Estudos sobre Poluição e Ecotoxicologia Aquática, Denis Abessa, há formas para mensurar os danos ambientais, mas apenas parcialmente. "Isso porque é preciso ter um diagnóstico muito detalhado de como estavam os rios antes e analisar como estão ficando depois para então comparar as duas situações", explica. Também existe uma lacuna de informação quanto ao número de espécies aquáticas nos locais afetados, mas é possível afirmar que 100% delas apresentarão problemas.
Abessa ressalta, ainda, ter dúvida sobre a característica do material. "Dados oficiais dizem que ele é inerte, mas não sei qual a base usada para essa afirmação. A maioria das substâncias pode ser tóxica em altas concentrações. Somente após exames laboratoriais específicos poderemos ter certeza. Para isso, são necessárias análises químicas das águas e sedimentos e testes de toxicidade".
O biólogo e apresentador do programa Biopesca da Fish TV, Lawrence Ikeda, alerta que a lama com alta concentração de ferro e sílica altera várias características como a turbidez, o pH, a densidade e oxigênio dissolvido. "Essas alterações afetam diretamente a flora e fauna atingidas. Além disso, o material arrasta o leito e a cobertura da margem, incluindo a vegetação. Ele causa, ainda, erosão, soterramentos e assoreamento do rio", destaca.
No site da mineradora Samarco, responsável pelas barragens, um comunicado afirma que as coletas de amostras nos trechos afetados foram iniciadas e que o material é inerte e não tóxico. A empresa não respondeu aos questionamentos feitos pela Fish TV até o fechamento da reportagem.