Na pesca esportiva se aprende logo cedo que, para que o
esporte tenha longevidade, é preciso preservar o meio ambiente. Esse cuidado
com a natureza é passado de adultos para crianças e se perpetua, com diferentes
esforços sendo feitos em prol da causa da preservação. Em muitos casos, a ideia
que vem à mente de muitos é realizar a soltura de alevinos para povoar os rios
frequentados, mas essa ação é muito mais complexa do que apenas liberar os
filhotes de peixes no ambiente natural.
Buscando esclarecer o assunto e as dúvidas que surgem,
Guilherme Souza, doutor em ecologia e recursos naturais e biólogo do Projeto Piabanha, falou sobre o tema com nossa equipe de jornalismo. Segundo ele, há
situações que o repovoamento de peixes pode existir, seja porque uma região
recebeu uma represa, por exemplo, o que muda o comportamento das espécies rio
acima e abaixo, e também no caso de desastres ambientais que afetam cursos de
águas, como despejo irregular de resíduos químicos, diminuindo ou eliminando as
espécies. Havendo a recuperação do rio, é possível desenvolver um trabalho de
recuperação das espécies atingidas.
Souza denomina a inserção das espécies nas águas como “dar
um empurrão” para que os exemplares ameaçados de extinção possam ampliar suas
populações. Mas, é preciso estar atento a um detalhe importante do processo. “A
espécie trabalhada precisa estar contemplada em um Plano de Ação Nacional, que
é uma política pública do Ministério do Meio Ambiente, estando relacionada às
espécies ameaçadas. Sendo assim, um grupo de trabalho técnico é formado com o
objetivo de determinar como, quando e com qual saúde genética os peixes serão
introduzidos”, destaca.
Com esse panorama posto, Souza destaca que, a partir do Plano de Ação Nacional, é preciso pensar em um banco genético vivo, algo como um zoológico de peixes que foram capturados em diversos pontos da bacia hidrográfica de origem das espécies trabalhadas. “Em um primeiro momento, o peixe ficará em quarentena por ter saído do ambiente natural e ser levado para um artificial. Estando em bom estado de saúde, introduzimos um microchip no dorso do animal, cujo objetivo será identificá-lo dentro da população em cativeiro. Um pequeno pedaço da nadadeira caudal é retirado e enviado para estudos, servindo de base para uma matriz de cruzamentos que mostrará ao projeto idealizador quais os melhores cruzamentos a serem feitos para que se obtenham filhotes com maior saúde genética e só assim liberá-los no rio”, explica.
Após todos os complexos processos descritos, ainda é preciso
solicitar permissão ao órgão fiscalizador responsável, no caso o IBAMA, para
que ele conceda uma licença para tal atividade.
O biólogo e apresentador do programa Biopesca, Lawrence Ikeda,
vive o universo da pesca esportiva e também defende que é preciso ouvir a
ciência e estar atento a legislação. “Ressalto e destaco a importância de
estudos científicos e a obediência às leis ambientais. A minha orientação para
os pescadores é valorizar cada vez mais as espécies nativas da sua região e,
caso pense em tomar alguma inciativa relacionada a soltura de peixes para
repovoamento, consultar especialistas e os órgãos ambientais”, complementa.
Então, pescadores, continuem defendendo o nosso meio ambiente de forma responsável e segura. Você pode conhecer mais sobre o trabalho de Guilherme Souza no Projeto Piabanha, que trabalha diretamente com os processos de reintrodução de peixes em ambientes naturais.
Veja a notícia na TV:
para comentar