Sim, o Brasil é um país de dimensões continentais. Porém, não podemos achar normal o acontecimento de catástrofes ambientais tão contrastantes no mesmo país, praticamente, ao mesmo tempo.
Enquanto vemos todo o estado do Rio Grande do Sul sofrendo com as consequências das fortes chuvas do mês de maio, o Amazonas já começa a se preparar para um forte período de seca, ainda mais intenso que a estiagem do ano passado, de acordo com a Secretaria Nacional de Mudança do Clima.
Cidades ficaram submersas em todo o estado. Foto: REUTERS / Diego Vara.
Em 2023, a Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do planeta, que abrange todos os conjuntos de recursos d’água que convergem para o rio Amazonas, sofreu com grandes períodos de seca.
De acordo com dados divulgados em um relatório do Sistema Geológico Brasileiro e da Agência Nacional de Águas, em setembro do ano passado, os rios Negro, Amazonas, Branco e Purus, registraram o menor nível histórico para o mês em toda a história.
Rios da Amazônia atingiram menor nível em 2023. Foto: Divulgação.
Em contrapartida, vemos o Rio Grande do Sul, onde as fortes chuvas que atingiram o estado, transbordando rios e represas, causando enchentes sem precedentes, já tiraram mais de 600 mil pessoas de suas casas. Apesar do tamanho do Brasil, é assustador pensar que isso acontece com uma mesma nação.
Segundo a ONU, a Organização das Nações Unidas, esse efeito mostra, da maneira mais clara possível, como a crise climática está chegando a níveis extremamente alarmantes.
Para a organização, é preciso que estados e cidades fiquem atentos aos temas relacionados às alterações do clima do planeta, se prevenindo o quanto antes.
Para o Coordenador do Subprograma de Mudanças Climáticas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Niklas Hagelberg, eventos contrastantes desse modo devem acontecer com maior gravidade e com mais frequência, ao passar dos anos.
Enchentes no Rio Grande do Sul têm acontecido com maior frequência. Foto: Reprodução / Portal da Indústria.
Além do Rio Grande do Sul, as enchentes também estão atingindo diversos locais do Quênia, Tanzânia e China, provando que a crise do clima atinge todos os cantos do planeta. Segundo a ONU, o aquecimento global também impacta, diretamente, na vida urbana.
Por isso, as regiões de maior vulnerabilidade a esses acontecimentos devem se precaver, investindo em melhorias em sua infraestrutura, com a implementação de sistemas de alerta, a melhoria da eficiência energética e a redução das emissões do setor de resfriamento, além de educar todas as comunidades sobre a preparação e a resposta a esses desastres.
Agora, ao mesmo tempo que todos nos preocupamos com o futuro do Rio Grande do Sul, o estado do Amazonas já emitiu alerta, através de sua Defesa Civil, para que os habitantes estoquem água, alimentos e medicamentos, para enfrentar os períodos críticos da estiagem.
Seca na Amazônia deve ser ainda mais severa em 2024. Foto: REUTERS / Bruno Kelly.
Normalmente, a seca na Amazônia acontece no segundo semestre, com maior força nos meses de outubro e novembro, com o pico da vazante dos principais rios da região.
De acordo com a Secretaria Nacional de Mudança do Clima, os eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas, mostram que é necessário ter recursos para reconstruções.
Afinal, a estiagem pode ter um grande efeito negativo em todo o país, trazendo problemas para o abastecimento de energia, no escoamento da Zona Franca, onde entram mercadorias nacionais e internacionais, e em todo o setor da agricultura.
Como os rios possuem ligação um com o outro em todo o território nacional, o efeito da seca acaba se espalhando em cascata, atingindo outras regiões e estados.
Segundo a Agência Brasil, sobre o Rio Grande do Sul, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou que os bancos públicos precisarão de recursos para financiar a reconstrução de locais atingidos por eventos extremos, e disse que o banco deve realizar seminários para discutir experiências internacionais nessa área.
Cidades ficaram destruídas em todo o Rio Grande do Sul. Foto: Cecom / Maurício Tonetto.
Segundo Mercadante, o banco irá operar uma linha de R$5 bilhões no estado, com todos os demais bancos parceiros.
“Entramos com o fundo garantidor de R$ 500 milhões, mas precisamos de taxas de juros menores para a reconstrução do Rio Grande do Sul", disse o presidente do BNDES.
Tendo efeitos diretos na rotina da população, na economia nacional e em todas as questões ambientais, a crise climática é uma realidade e precisa ser debatida.
Crise climática está piorando ao longo dos anos. Foto: Reprodução / FIA.
Atividades sustentáveis e a proteção do meio ambiente devem ser ações diárias de cada um, como indivíduos e como comunidade.
Somente assim, podemos salvar o planeta de um colapso ambiental.
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