Chuvas no RS x Seca na Amazônia: os sinais da gravidade da crise do clima

De acordo com a ONU, eventos catastróficos tendem a acontecer mais vezes e em menor intervalo de tempo.

Por Marcelo Telles - 27/05/2024 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 27/05/2024 as 14:43


Sim, o Brasil é um país de dimensões continentais. Porém, não podemos achar normal o acontecimento de catástrofes ambientais tão contrastantes no mesmo país, praticamente, ao mesmo tempo.


Enquanto vemos todo o estado do Rio Grande do Sul sofrendo com as consequências das fortes chuvas do mês de maio, o Amazonas já começa a se preparar para um forte período de seca, ainda mais intenso que a estiagem do ano passado, de acordo com a Secretaria Nacional de Mudança do Clima.



Cidades ficaram submersas em todo o estado. Foto: REUTERS / Diego Vara. 


Em 2023, a Bacia Amazônica, maior bacia hidrográfica do planeta, que abrange todos os conjuntos de recursos d’água que convergem para o rio Amazonas, sofreu com grandes períodos de seca.


De acordo com dados divulgados em um relatório do Sistema Geológico Brasileiro e da Agência Nacional de Águas, em setembro do ano passado, os rios Negro, Amazonas, Branco e Purus, registraram o menor nível histórico para o mês em toda a história.


Rios da Amazônia atingiram menor nível em 2023. Foto: Divulgação. 


Em contrapartida, vemos o Rio Grande do Sul, onde as fortes chuvas que atingiram o estado, transbordando rios e represas, causando enchentes sem precedentes, já tiraram mais de 600 mil pessoas de suas casas. Apesar do tamanho do Brasil, é assustador pensar que isso acontece com uma mesma nação.


Segundo a ONU, a Organização das Nações Unidas, esse efeito mostra, da maneira mais clara possível, como a crise climática está chegando a níveis extremamente alarmantes.


Para a organização, é preciso que estados e cidades fiquem atentos aos temas relacionados às alterações do clima do planeta, se prevenindo o quanto antes.


Para o Coordenador do Subprograma de Mudanças Climáticas do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente, Niklas Hagelberg, eventos contrastantes desse modo devem acontecer com maior gravidade e com mais frequência, ao passar dos anos.


Enchentes no Rio Grande do Sul têm acontecido com maior frequência. Foto: Reprodução / Portal da Indústria. 


Além do Rio Grande do Sul, as enchentes também estão atingindo diversos locais do Quênia, Tanzânia e China, provando que a crise do clima atinge todos os cantos do planeta. Segundo a ONU, o aquecimento global também impacta, diretamente, na vida urbana.


Por isso, as regiões de maior vulnerabilidade a esses acontecimentos devem se precaver, investindo em melhorias em sua infraestrutura, com a implementação de sistemas de alerta, a melhoria da eficiência energética e a redução das emissões do setor de resfriamento, além de educar todas as comunidades sobre a preparação e a resposta a esses desastres.


Agora, ao mesmo tempo que todos nos preocupamos com o futuro do Rio Grande do Sul, o estado do Amazonas já emitiu alerta, através de sua Defesa Civil, para que os habitantes estoquem água, alimentos e medicamentos, para enfrentar os períodos críticos da estiagem.


Seca na Amazônia deve ser ainda mais severa em 2024. Foto: REUTERS / Bruno Kelly. 


Normalmente, a seca na Amazônia acontece no segundo semestre, com maior força nos meses de outubro e novembro, com o pico da vazante dos principais rios da região.


De acordo com a Secretaria Nacional de Mudança do Clima, os eventos extremos provocados pelas mudanças climáticas, mostram que é necessário ter recursos para reconstruções.


Afinal, a estiagem pode ter um grande efeito negativo em todo o país, trazendo problemas para o abastecimento de energia, no escoamento da Zona Franca, onde entram mercadorias nacionais e internacionais, e em todo o setor da agricultura.


Como os rios possuem ligação um com o outro em todo o território nacional, o efeito da seca acaba se espalhando em cascata, atingindo outras regiões e estados.


Segundo a Agência Brasil, sobre o Rio Grande do Sul, o presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Aloizio Mercadante, afirmou que os bancos públicos precisarão de recursos para financiar a reconstrução de locais atingidos por eventos extremos, e disse que o banco deve realizar seminários para discutir experiências internacionais nessa área.


Cidades ficaram destruídas em todo o Rio Grande do Sul. Foto: Cecom / Maurício Tonetto. 


Segundo Mercadante, o banco irá operar uma linha de R$5 bilhões no estado, com todos os demais bancos parceiros.


“Entramos com o fundo garantidor de R$ 500 milhões, mas precisamos de taxas de juros menores para a reconstrução do Rio Grande do Sul", disse o presidente do BNDES.


Tendo efeitos diretos na rotina da população, na economia nacional e em todas as questões ambientais, a crise climática é uma realidade e precisa ser debatida.


Crise climática está piorando ao longo dos anos. Foto: Reprodução / FIA. 


Atividades sustentáveis e a proteção do meio ambiente devem ser ações diárias de cada um, como indivíduos e como comunidade.


Somente assim, podemos salvar o planeta de um colapso ambiental.



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