Brasil perdeu quase um terço de sua superfície de água nos últimos 40 anos

São 6,3 milhões de hectares de superfície de água a menos, desde 1985, segundo balanço do MapBiomas.

Por Marcelo Telles - 02/07/2024 em Notícias / Meio Ambiente

Os corpos hídricos brasileiros, além de serem uma das grandes marcas do país, representam uma das nossas maiores riquezas, sendo o habitat de nossos peixes e demais organismos tão essenciais.


Porém, se estudarmos os últimos 40 anos, vamos perceber uma drástica diminuição na superfície coberta por água, seja por reservatórios, ou por meio natural, como rios e lagos, que representam 77% desse meio.


Ao todo, foram perdidos 6,3 milhões de hectares, o que significa, praticamente, um terço de sua superfície de água.


Rios se encontram em situação de seca, em cada vez mais regiões do país. Foto: Reuters / Agência Brasil. 


Outro dado preocupante, inclusive, é que nas medidas históricas desses anos, todos os biomas ficaram com esse nível abaixo das médias esperadas. O balanço também mostrou uma redução ainda maior desde o ano 2000 para cá, segundo a rede de pesquisa MapBiomas.


No ano passado, os casos mais severos das baixas históricas aconteceram nos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, que perderam cerca de 30% de sua superfície, ou cerca de 263 mil hectares.


Dados do MapBiomas mostram como o Pantanal vem sofrendo com as secas ao longo dos anos. Foto: Divulgação / MapBiomas. 


E isso vem se acentuando nas últimas semanas, já que o Pantanal vem passando pelo seu pior período de queimadas desde o início das medições, no ano de 1988. Com isso, o Rio Paraguai vem sofrendo os efeitos do desastre, com a média do nível do rio em 92 centímetros, em uma área em que as medições costumavam marcar, em média, 2,56 metros.


Falando nesse bioma em específico, foi no Pantanal em que ocorreu a maior perda do último ano, com um total de 53% a menos.



Por que essa drástica diminuição?

Balsas se encontram encalhadas devido à seca. Foto: Michael Dantas / AFP. 


Para os especialistas, são várias as razões que resultam em uma queda desse nível. Um dos motivos é a diminuição da vegetação nativa no entorno desses locais, principalmente onde se localizam as nascentes dos rios dessas superfícies.


Vemos, também, esse fato através de números, já que em 1985, esses locais apresentavam cerca de 20% a mais de vegetação nativa do que nos momentos atuais. Isso tudo é agravado pelas queimadas e pelo desmatamento, que estão atingindo os biomas brasileiros, cada ano mais forte.


Outro fator que piora a situação são as mudanças climáticas, que têm mostrado um efeito bem negativo em todo o planeta.


Todos esses acontecimentos somados, vêm trazendo impactos negativos sociais, econômicos, e principalmente, ecológicos, travando o abastecimento das populações, o agronegócio e as águas subterrâneas.


O cálculo das áreas de superfície de água em nosso país é feito por análise precisa de imagens de satélite, com a análise de recortes de uma área de 900m².


Superfícies hídricas são cada vez menores no nosso país. Foto: Divulgação. 


De acordo com a Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico, os problemas econômicos, em função dessas reduções, podem afetar ainda mais locais do país.


“A escassez hídrica, que atualmente resulta em perdas econômicas e sociais significativas, pode ser mais comum em muitas regiões no Brasil. Essas perdas econômicas, que ocorrem em vários setores, da agricultura ao turismo, têm efeitos profundos nas comunidades locais. Déficits mais frequentes, implicarão em aumento de custos para a sociedade, necessitando de estratégias de adaptação por parte dos usuários de água para mitigar parte desses custos”, diz o sumário executivo sobre o impacto das mudanças climáticas nos recursos hídricos do Brasil. 




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