Apresentadores da Fish TV testemunham incêndios no Pantanal; confira relatos

Bioma pantaneiro enfrenta pior ano de queimadas da série histórica e maior seca em quase 50 anos.

Por Joyce Heurich - 08/11/2020 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 11/12/2020 as 15:20

Equipes da Fish TV acompanharam de perto uma tragédia que vem chamando a atenção do país nos últimos meses: os incêndios no Pantanal. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o bioma pantaneiro vive o pior ano de queimadas desde 1998, quando teve início a série histórica. Mais de 21 mil focos de calor foram registrados na região de janeiro pra cá - um aumento de 114% em relação ao ano anterior. E foi em meio a essas condições, no fim de setembro, que a equipe do programa "A Meta", comandado por Gaba, desembarcou no Mato Grosso do Sul, Centro-Oeste do país. 


"Foi algo muito assustador. Não digo pelo perigo, porque não estávamos correndo, mas pela questão da natureza queimando e a gente não ter o que fazer”, conta Gaba. "O Pantanal vem enfrentando uma situação bem difícil, e como o programa fala muito em preservação, a gente está lá vivenciando isso, vendo a condição em que isso se manifesta", justifica.


Foram dez dias de viagem. O apresentador relata que, já na chegada, o grupo foi surpreendido por uma cortina de fumaça, que podia ser notada desde o aeroporto de Campo Grande. O cheiro de queimado já era forte. À medida que a equipe se aproximava do destino final, a pouco mais de 500 km dali, a situação se agravava, e a dimensão das queimadas ficava cada vez mais evidente. “Os animais estavam muito acuados, muitos na beira do rio. A gente via grupos de macacos, sucuri, capivaras, esses bichos todos muito próximos da água, porque não tinha muito para onde correr”, observa Gaba.


E os efeitos do fogo que consumia a fauna e a flora também eram sentidos pela comunidade local de ribeirinhos. “Problemas respiratórios, problemas nos olhos, por conta dessa exposição prolongada àquela fumaça muito forte. Para quem vive do gado também... Tem gado preso no meio do fogo, tem bicho morrendo dentro do fogo. Até mesmo os animais que são de criação estão morrendo cercados”, detalha o apresentador.


As imagens dessa expedição pelo bioma, considerado uma das maiores extensões úmidas contínuas do planeta, estarão reunidas nos quatro episódios de “A Meta - Pantanal”, que tem previsão de estreia para novembro na Fish TV.



 

“Céu cinza”

 

Quem também esteve por lá recentemente foi a apresentadora Laís Vanessa. A jornalista viajou para a região em outubro para gravar o programa “Destinos” e, assim como Gaba, encontrou um cenário bem diferente do habitual. “Esses incêndios, o que acontece é que deixam o céu cinza, fica aquele aspecto de fumaça e, consequentemente, claro, prejudicam os animais”, descreve Laís. 


A apresentadora destacou a atuação das forças de segurança no local, especialmente do Corpo de Bombeiros. “Está bem atuante nesse ponto, tentando combater essas chamas, e também fazendo um trabalho de alertar fazendas, empreendimentos, empresários, sobre o período proibitivo [de queimadas], e aplicando multas e as devidas consequências para quem eles conseguem identificar como a pessoa ou o local que causou esse incêndio”, detalha.


Somente no estado do Mato Grosso, conforme o Corpo de Bombeiros, o fogo já consumiu mais de 2 milhões de hectares do Pantanal. A situação atípica, que se estende desde julho, tende a ser controlada nos próximos meses com a chegada de mais chuva. Pelo menos essa é a expectativa das autoridades da região. Uma sequência de chuvas volumosas é muito aguardada, já que o bioma também enfrenta em 2020 a maior seca desde a década de 1970 - condição que em nada contribui para a contenção das chamas.

 

Dados Pantanal (Programa Queimadas - Inpe)

 

  • A quantidade de focos de calor no bioma vinha subindo, mês a mês, desde maio deste ano. Em julho, deu um salto. Em setembro, atingiu o pico. E em outubro, esse número começou a cair.

 

  • Mesmo assim, 2020 teve o pior mês de outubro desde que esse levantamento começou a ser feito, lá em 1998. Foram 2,8 mil focos de incêndio registrados.

 

  • O mês de setembro, no entanto, apresentou a maior quantidade de ocorrências no ano: mais de 8 mil. Um aumento de 180% em relação ao mesmo período de 2019.

 

  • No acumulado do ano, o número de focos de calor já passa de 21 mil em 2020 - um aumento de 114% na comparação com 2019. É o maior acumulado anual desde o início da série histórica.

 

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