Aplicativo Ictio: saiba como mapear peixes amazônicos

O aplicativo Ictio monitora as espécies migratórias da Bacia Amazônica

Por Victória Netto - 19/03/2020 em Notícias / Meio Ambiente - atualizado em 14/04/2020 as 15:37

Que existem espécies migratórias, a gente sabe. Mas e se eu disser que você pode fazer parte do mapeamento delas? Agora, os pescadores esportivos que baixarem o aplicativo Ictio, uma iniciativa do projeto Ciência Cidadã para a Amazônia, vão ajudar a gerar um banco de dados que, entre outras finalidades, contribui para a conservação de espécies.

Disponível ainda só para o sistema Android, o aplicativo Ictio foi desenvolvido em um plano que reúne 40 organizações internacionais, todas elas interessadas em levantar informações sobre os peixes amazônicos

O Tucunaré-Açu é um dos peixes migradores nativos da Bacia Amazônica

“Como a Bacia Amazônica se estende por vários países, para mapear essa migração, é preciso trabalhar em rede. Por isso, buscou-se uma saída tecnológica de levantamento de dados”, explica a gerente do Projeto Ciência Cidadã para a Amazônia, Gina Leite, que trabalha junto à Wildlife Conservation Society (WCS).

No app, o usuário identifica o peixe, a quantidade, o peso e onde foi a pescaria. Dados pessoais como nome e localidade do pescador são resguardados. A ferramenta também conta com uma página web para fazer o envio de outras informações, como fotos dos peixes.

O Aplicativo Ictio já é usado por pescadores em cinco países da América Latina 

Em 2019, concluiu-se a fase piloto do aplicativo. Na nova etapa, a ferramenta começa a ser ampliada. Já são quase 20 mil listas de registros enviadas de cinco países diferentes - Brasil, Colômbia, Peru, Equador e Bolívia -, e a meta é que, neste ano, o número de envios seja 10 vezes maior.


Para que serão usados os dados do Ictio?

Com o monitoramento, os pesquisadores vão mapear o deslocamento de espécies como a Dourada, que é simbólica por percorrer mais de 11 mil km, atravessando diferentes territórios da bacia hidrográfica da Amazônia.

“Peixes migradores dependem da conectividade dos rios da Bacia Amazônica, e o conhecimento da sua ecologia e do status dos estoques pesqueiros são indicadores da complexidade e conservação dos sistemas aquáticos da Amazônia”, ressalta a gerente do projeto, Gina Leite.

Saiba mais sobre a espécie no vídeo abaixo:


Migração da espécie Dourada é exemplo da conectividade da Bacia Amazônica

Segundo a professora Dra. Carolina Doria, que coordena o Laboratório de Ictiologia e Pesca da Universidade Federal de Rondônia, grupo que ajudou a implementar o app no Rio Madeira, os dados também geram informações robustas sobre o que está acontecendo com a pesca.

“Quando se procura uma resposta sobre o estoque pesqueiro ou sobre as espécies, a melhor forma é ter fontes qualidade. E, nesse caso, quem tem as informações são os próprios pescadores, que estão nos rios todos os dias”, indica Carolina.

Pensando nisso, o Laboratório de Ictiologia e Pesca criou até um calendário com os resultados da pesquisa. A ideia é estimular o manejo adequado do pescado a partir do debate com os diferentes atores sociais envolvidos, o que vai auxiliar na gestão dos recursos pesqueiros.

Agora que você já conhece o aplicativo Ictio e sabe que pode contribuir com a ciência, que tal testar a ferramenta na sua próxima pescaria amazônica?


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