Marcel Hastenpflug é zootecnista, professor do Instituto Federal Farroupilha e também é pescador apaixonado pelo esporte. Como coordena o
programa de extensão PIRAJEPOI - A Pesca Esportiva como promotora de consciência ambiental,
turismo e renda para o Rio Grande do Sul, a partir dessa iniciativa partiu a
ideia de um artigo científico intitulado Perfil do Pescador Esportivo do Rio
Grande do Sul. O artigo foi criado através da coleta de diversas respostas
deixadas em um formulário online, respondido pelos praticantes do esporte.
A partir da
coleta desses dados, Hastenpflug traçou ações para serem colocadas em prática
no programa, seguindo três vertentes, que são:
1 - Educação ambiental, através de palestras de conscientização sobre a
importância da pesca sustentável e promoção de eventos de pesca esportiva
incentivando o pesque e solte.
2 - Turismo, buscando apoio da gestão dos municípios e prestando
assessoria para habilitação de empreendimentos de hospedagem e demais serviços
aos turistas pescadores, além de profissionalização de Condutores de Turismo de
Pesca.
3 - Promoção de renda, dando assessoria técnica para piscicultores produzirem iscas vivas e ribeirinhos atuarem como guias de turismo de pesca, entre outras ações.
Foto: Thiago Cruz
Em um primeiro momento as ações serão realizadas na bacia do rio Ibicuí,
nos municípios de Alegrete e Manoel Viana. A partir disso, se houver sucesso na
realização do projeto, será expandido para outros municípios do Estado. Para
melhor compreensão, o Jornalismo da Fish TV fez algumas perguntas ao professor
e você confere abaixo a entrevista.
Fish TV - Como vê a
importância de se traçar um perfil dos pescadores no RS?
Marcel - Tendo a ideia do programa de extensão em mente,
senti a necessidade de traçar o perfil do pescador amador para poder auxiliar
na tomada de decisões para desenvolvimento das ações do projeto. Hoje, com o
perfil do pescador amador diagnosticado, tenho mais possibilidades de focar em
ações assertivas de impacto positivo a médio e longo prazo.
Fish TV - Quando cita as três vertentes pelas
quais passarão as ações do projeto, há destaque para o turismo. Qual a melhor
maneira de ampliar o segmento turístico de pesca esportiva no Estado?
Marcel - Sinto um grande
"amadorismo" no turismo de pesca do nosso Estado. Eu morava em Mato
Grosso do Sul até setembro do ano passado, onde compunha a diretoria de uma
Associação de Pescadores Esportivos. Lá naquele Estado o turismo de pesca é
consolidado. Aqui sinto muito a falta de organização da cadeia turística, sendo
que o turismo cresce veementemente e dentre os ramos do turismo, o turismo de pesca
é o que mais cresce. Além de ser um importante meio de renda direta e
indiretamente para vários ramos de comércio e prestação de serviços. Como
gestor, como professor e como pescador, sinto que posso e devo contribuir com
esta cadeia, por enquanto, pelo menos na região em que estou inserido.
Fish TV - Mesmo com a adesão ao pesque e
solte, ainda sente muita resistência à essa prática? Se sim, as ações de
conscientização ambiental podem auxiliar na mudança de pensamento?
Marcel - A pesca predatória é muito
arraigada em nosso Estado. É uma cultura que passa de pai pra filho, eu mesmo
me criei pescando de rede e espinhel. No entanto, o contato com a natureza de
uma forma mais íntima, proporcionada pelo prazer da pesca, auxilia bastante. O
pescador passa a se sentir parte do ecossistema que está inserido. Só quem já
soltou um peixe e viu ele nadando vigorosamente em retorno ao seu habitat
natural sabe o que estou falando. Pescar é de uma emoção indescritível, mas pescar
com o mínimo de impacto possível é ainda mais gratificante.
Fish TV – Na sua opinião, em um primeiro
momento, existe espécie-alvo para ser trabalhada na ascensão do esporte no Estado?
Marcel - No perfil que tracei na pesquisa já finalizada, obtive o seguinte resultado: 55% dos pescadores amadores do Rio Grande do Sul tem na traíra (Hoplias spp.) o seu peixe preferido de pesca. Em segundo lugar vem o dourado (Salminus brasiliensis), com 15% da preferência, e em terceiro a piava (8%). Sendo assim, o foco deverá ser nestas três espécies. A traíra, o foco será mais na linha de eventos de pesca e ações voltadas ao público juvenil, para auxílio na criação de uma cultura conservacionista. O dourado, peixe já protegido por lei em nosso Estado, terá foco mais de conscientização da necessidade de manutenção da sua preservação. Já as espécies de piava, um incentivo ao pesque-solte, já que se tratam de peixes bastante esportivos, no entanto, muitos nem sabem o prazer da sua fisgada, pois estão no rol das espécies mais visadas para captura predatória por redes.
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