Entre tantas histórias emocionantes de pesca, há aquelas que
deixam suas marcas na memória, a ponto de poderem ser contadas com riqueza de
detalhes. Assim é o relato enviado para nós pelo pescador Rodrigo Stief, que
travou uma verdadeira batalha para conseguir fotografar o tarpon com que
aparece na foto. Segundo ele, essa foi a pescaria de sua vida.
Aficionado por pesca esportiva, Rodrigo já tinha experiência
com tucunarés na Serra da Mesa, e em alguns outros lagos, porém, peixes grandes
apenas havia pescado em pesqueiros, sem nunca ter praticado o esporte em água
salgada. Foi aí que, em meados de 2018, ele e sua esposa resolveram passar
férias em Natal, no Rio Grande do Norte.
Confira um trecho do relato enviado pelo pescador para a equipe de jornalismo da Fish TV:
A história
“Comecei
a pesquisar e encontrei na internet alguns vídeos do pessoal fazendo um tal de rockfishing,
ou seja, pescando com iscas artificiais nas pedras das praias. Vi algumas
capturas de robalos, xaréus e tarpons, me interessando por esta modalidade, já
sonhando com uma possível briga com um destes exemplares [...]
Da pesquisa que fiz, também consegui definir o material que
utilizaria: uma vara grande para arremessos mais longos (escolhi uma de 2,70m);
um molinete com boa capacidade de linha (escolhi um da série 4000); iscas
grandes e pesadas (poppers e iscas de meia água maiores que 11cm e mais de 30g;
uma boa linha (multifilamento 8X de 50lb); um bom leader de fluorocarbon (60mm)
[...]
Chegando a Natal, tratei de aprontar a tralha,
partindo ansioso para o primeiro dia de pescaria. Todavia, a atividade não se
mostrou tão fácil e produtiva como eu imaginava. Caminhar nas pedras, fazer a ‘leitura’
do mar e encontrar o peixe exigiria treino e experiência. Eu, como um bom principiante, não tinha
nenhum deles. Com isso, caí e me ralei nas pedras, olhava o mar, mas não via
nada e não conseguia encontrar os peixes.
Busquei minimizar o problema da falta de experiência conversando com os pescadores locais, sempre atento às suas preciosas dicas. Fui aprendendo a ‘ler’ o local de pesca, passei a ver os cardumes de sardinhas, vi os xaréus correndo nas ondas e até vi um tarpon saltando muito próximo de onde eu estava, mas não conseguia fisgar um peixe sequer. Passei mais de 15 dias indo às pedras, realizando centenas de arremessos, sem nenhuma ação.
O dia do encontro
“No último dia de praia, já meio
desmotivado, cheguei a pensar em nem levar o equipamento. Afinal, tantos dias
de tentativas sem nenhum peixinho é capaz de desmotivar qualquer um. Imaginava
que seria mais um dia de derrota. Mas, alguma coisa não me deixou desistir e
levei minhas tralhas [...]
Chegando à praia, fiquei um pouco com a família, esperando a
maré baixar e, por volta das 11h, fui me aventurar nas pedras. Como de costume,
comecei os trabalhos com a popper, sem nenhum resultado. Troquei para uma isca
de meia água, e permaneci no zero a zero. Já eram por volta de 12h30.
Eis então que, como um presente
divino, avisto a uns 25 metros, entre duas ondas, a nadadeira dorsal e a ponta do
rabo de um tarpon. O peixe
chegou de mansinho, sem alarde, sem ataques às sardinhas, sem pulos.
Calmamente, deslocava-se para a direita, no sentido contrário ao vento,
desfilando sob os meus olhos. Somente as suas nadadeiras denunciavam a sua
presença. Nada mais. Certamente, não ficaria ali por muito tempo, e eu não
teria outra chance. Caprichei no arremesso, trabalhei a isca e PRONTO! Um ataque
fenomenal!
Logo na fisgada, o primeiro pulo. Gritei! Era
um gigante. Eu vibrava muito. Adrenalina a 100%. A perna tremia. Mais um pulo!
E outro. O corpo quase todo fora da água, balançando a cabeça, para tentar se
livrar da isca. A cada pulo dele, um grito meu. A cada pulo dele, a distância
entre nós ia aumentando. A fricção do molinete bem apertada e o bicho tomando
linha como se o carretel estivesse aberto. Eu estava sozinho, na pedra, apanhando
das ondas e lutando com um adversário poderoso.
Trabalhei no limite do equipamento. Trabalhei no meu limite.
Trabalhei até o limite do peixe. Foram cerca de 30 minutos de um bom combate e,
ao final, sagrei-me vencedor. Ele estava ali comigo, do meu lado.
Exaustos, nos cumprimentamos, posamos para algumas fotos (nesse momento havia uma plateia considerável assistindo ao desfecho da luta), descansamos um pouco e voltamos para as nossas vidas. Ele para o mar. Para crescer e poder combater mais, algum dia. Eu para o lar. Feliz, satisfeito, realizado.
Envie seu relato para nós
Assim como Rodrigo Stief descreveu essa sua emocionante
disputa com esse grande tarpon, você também pode fazer o mesmo. Envie pra gente
a sua história pela e-mail alison.mota@fishtv.com ou priscila.gomes@fishtv.com
e compartilhe com o mundo suas memórias de uma boa pescaria.
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