Leandro Vilas Boas Simioni, 45 anos, natural de São Bernardo do Campo (SP), empresário. Aparentemente este nome é desconhecido para você, certo? Mas, ele reserva uma história interessante, e de muita superação. Vale a pena.
Simioni é pescador desde os quatro anos de idade. Atualmente, é empresário e já foi jogador de futebol internacional, atuando em diversos países. Iniciou a carreira no Nacional Atlético Clube de São Paulo, aos dez anos. De lá pra cá jogou no futebol belga, alemão, japonês, chinês, libanês e, por fim, no futebol israelense onde se destacou e virou ídolo do Hapoel Be’er Sheva.
Após uma trajetória por diversos clubes, Simioni teve uma aposentadoria não planejada, aos 35 anos, devido a uma lesão no tornozelo. Então, depois do retorno ao Brasil, a vida mudou. Ele se envolveu em um acidente de moto que o deixa paraplégico. “Fiquei cinco dias em coma. Tive fraturas na bacia, em seis costelas, traumatismo craniano e lesão na medula. Eu tive que reaprender a viver”, conta Simioni.
Apaixonado por pesca desde criança, ele conta dos primeiros pensamentos após sair do coma. “Eu só pensava como iria ficar em cima do barco pescando. Como vou arremessar? Foi então que eu comecei a pescar de novo e vi que sim, era possível”, conta. Ele ainda conta sobre a volta às águas, e a importante ajuda dos amigos e irmão. “Quando eu fui para uma pescaria na Serra da Mesa, em Goiás, pesquei dois tucunarés de mais de 60 centímetros. Foi a minha redenção. Ali eu vi que poderia fazer qualquer coisa na pescaria. Inclusive entrar na água, como entro agora”.
Mas nem tudo são rosas. Há desafios no meio do caminho que são naturais para as pessoas na condição de Simioni, mas que não abalam a felicidade do pescador. “Tenho dificuldades com a mobilidade. No meu barco fiz uma plataforma de madeira que me dá mais segurança e mobilidade. Também há dificuldades nos locais de pesca, de estrutura mesmo. Mas é compreensível, né? Quantos cadeirantes pescam? Então, hoje não há ainda muita preocupação das pousadas e barcos-hotéis em adaptar as coisas pela demanda ser pouca”, diz Simioni.
“Eu só pensava como iria ficar em cima do barco pescando. Como vou arremessar? Foi então que eu comecei a pescar de novo e vi que sim, era possível.”
O pescador conta que, inclusive, já participou de competições de pesca esportiva. Atualmente está competindo no Campeonato Paulista de Traíras, mas a competição não é o preferencial em sua pescaria. Para ele, o importante na pesca esportiva é estar com os amigos e em contato com a natureza. Simoni lembra o melhor da pescaria: as brincadeiras e, claro, os peixes. “Teve uma pescaria que fiz em meados de 2014 com meu amigo, Luis. Nós estávamos em uma pesca bem difícil. Eu falei para ele: vamos apostar. Fizemos um esquema de pontuação por espécie de peixe e foi aí que eu comecei a pegar e ele não. Na hora do almoço, Luis retirou um dos anzóis da minha garatéia e toda vez que eu perdia um peixe ele ria. Então, surpreendentemente, eu comecei a pegar peixe que nem um louco, inclusive um tucunaré de nove quilos. Ele nunca entendeu como isso aconteceu e até hoje isso é motivo de piadas entre eu e ele”, conta.
Simioni traz uma lição a todos nós. Um recado de que nada é impossível. Que a vida é como uma pescaria, quando você acha que não vai mais dar peixe, a vida e te mostra que, com um pouco de esforço – e persistência - você consegue pegar aquele tucunaré de nove quilos.
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