Há cerca de 20 dias, um grande grupo de garimpeiros invadiu o Rio Madeira, no interior do Amazonas, instalando centenas de balsas e de dragas para explorar o ouro ilegalmente.
Cerca de 300 balsas foram instaladas irregularmente no Rio Madeira para essa atividade. Essa extração ilegal está acontecendo no município de Autazes, cerca de 100 quilômetros da capital, Manaus.
A 'vila flutuante' instalada pelos garimpeiros chamou a atenção pela sua grande quantidade, já que a extração ilegal de ouro no rio já acontece há um tempo.
Moradores do local relataram que o grupo de garimpeiros começou a compartilhar informações, de forma informal, de que haveria ouro em grande quantidade naquele trecho.
Um fator que pode explicar esse acontecimento, é a alta no preço do ouro no mercado internacional. Entre abril do ano de 2018 e novembro de 2021, o valor da onça-troy de ouro no mercado de commodities de Nova York, aumentou em 48% e saiu de 1.205 dólares para o valor mais recente, 1.788 dólares.
O trecho onde os garimpeiros se instalaram, é usado para deslocamento de moradores da região até a capital em lanchas, já que ir pela BR-319 é mais longe e com estrada precária.
O Ipaam, Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas, informou que qualquer exploração mineral naquela região não estão licenciadas, ou seja, são totalmente irregulares. O dado foi ratificado pelo Ministério Público Federal.
Ativistas do Greenpeace denunciaram a falta de fiscalização na região, permitindo assim, o avanço da atividade ilegal. Nos dias 26, 27 e 28 deste mês, o Ibama, a Polícia Federal e as Forças Armadas realizaram uma operação na região do Rio Madeira, onde as balsas se encontram.
Na ação, 131 balsas foram destruídas ou apreendidas e três pessoas foram presas. Ouro e mercúrio também foram apreendidos na operação (a quantidade dos materiais não foi revelada).
O Ipaam disse que, além da mineração ilegal, outros crimes podem estar sendo cometidos no local, como mão de obra escrava, tráfico de drogas, contrabando e irregularidades com a capitania dos portos.
Além de todo esse mal, o garimpo feito de forma ilegal na região do Rio Madeira causa poluição das águas, podendo ocasionar lesões nos órgãos de quem se alimentar de peixes contaminados com minério em seu organismo.
Não apenas para as pessoas, mas a invasão aumenta os riscos ambientais, já que o uso de mercúrio, utilizado para separar o minério das impurezas, causa um grande prejuízo para a flora e a fauna, além das comunidades locais.
O mercúrio é uma substância tóxica e o metal possui efeito cumulativo, podendo causar diversas doenças, até mesmo, neurológicas.
O Instituto Escolhas apresentou um estudo que mostra que, no ano passado, o Brasil exportou 111 toneladas de ouro, mas dessas, 19 toneladas seriam ilegais, pois não tinham sua produção registrada.
Até o momento, apenas as três pessoas citadas acima foram presas em toda a operação.
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