O Rio Paraopeba já rendeu belos
troféus para pescadores esportivos mineiros. Em uma busca rápida, é possível encontrar vídeos e relatos
de capturas de Dourados, Pacus, Traíras e Surubins na região. A margem do rio
que cruza Brumadinho e outros 35 municípios mineiros ainda conta com belas
cachoeiras e saltos d’água e serve agricultores para irrigação de suas
culturas.
Desde sexta-feira (25/1), porém, essa descrição habita
somente a memória de quem vivia ou visitou alguma vez as margens do Paraopeba.
Mesmo que há três anos, por um acontecimento semelhante, o Rio Doce e as suas riquezas deixaram saudade,
não foi possível evitar mais uma catástrofe.
Identificar responsáveis e
aplicar punições compete à justiça. Não vamos entrar em uma espiral insana de
apontar rapidamente culpados diretos. Para seguirmos em frente depois do luto,
é fundamental aprendermos com as perdas e olharmos para o futuro como quem não
quer mais sofrer de forma gratuita e súbita.
Assim como é previsível para um
pescador esportivo buscar o seu troféu e devolvê-lo ao rio para que essa
prática se perpetue, esperamos que profissionais, empresas e órgãos
governamentais estabeleçam, além de leis e regras, um pacto moral fundado no
respeito, na empatia e na perpetuidade. Balanços financeiros e dividendos de
acionistas não podem orientar decisões que implicam segurança de pessoas e
ecossistemas. O legado deixado deve ser a premissa de qualquer prática que
envolva vidas.
A Fish TV existe pelas histórias.
Recebemos diariamente relatos de pescadores apaixonados pelo esporte e pela
riqueza que os biomas que compõem o nosso país proporcionam. Nossos
apresentadores evidenciam essa visão a cada episódio. Quando vemos o Paraopeba
morrer, perdemos pessoas, peixes e a chance de conhecê-los e ouví-los.
Aprender com esse novo e
lamentável acontecimento é essencial para que não tenhamos que dizer no futuro
que perdemos mais uma vez.
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