Startup catarinense aposta no uso sustentável de recursos naturais para uma ‘nova aquicultura’

Peixe SC nasceu com o objetivo de propagar o aquarismo e a pesca, desenvolvendo novas técnicas de produção, manuseio e processamento de iscas.

Por Marcelo Telles - 19/01/2023 em Notícias / Aquicultura - atualizado em 19/01/2023 as 15:48

O ano era 2019. Dentro do curso técnico em aquicultura do Instituto Federal de Santa Cantarina, em Itajaí-SC, Gilbram Westarb Borgonovo resolveu colocar todo o seu conhecimento ainda mais em prática. Criou a Peixe SC, startup que aposta na economia circular, cultivando peixes, camarões e ampulárias (caramujos de aquário) como iscas em forma de conserva.


Antes de mais nada, é importante relembrar o que é a aquicultura e a sua importância para o mundo de uma forma geral. A aquicultura nada mais é do que o ramo em que se estuda e cultiva a produção, de forma racional, dos organismos aquáticos para o uso do ser humano.


E foi esse ramo da zootecnia que fez Gilbram se apaixonar. O aquicultor de 38 anos nasceu em Blumenau-SC e hoje reside na cidade catarinense de Penha. Segundo o proprietário da Peixe SC, a startup busca uma relação de bem-estar entre nós, humanos, e o meio em que vivemos, experimentando a inteligência da natureza para os processos de aquicultura. Para ele, dessa forma, é possível projetar sistemas benéficos e eficazes.


A Peixe SC busca difundir o aquarismo, a pesca amadora, comercial e esportiva a partir de desenvolvimento de técnicas de produção, manuseio e processamento de iscas. Mas, como isso é feito? A partir da redução das colheitas em ambientes naturais, utilizando recursos sustentáveis.




Porém, para que tudo flua de forma orgânica, é preciso que os resíduos sejam nutritivos e que a energia seja limpa e renovável. Assim, de acordo com Gilbram, é possível celebrar a diversidade de culturas, espécies e de possíveis soluções para determinados problemas.


Durante os primeiros experimentos em laboratório, o proprietário da startup, também formado na área de comunicação, criou uma revista digital de mesmo nome da empresa. A revista, distribuída gratuitamente nas livrarias digitais, sempre procurou compartilhar os estudos técnicos sobre a aquicultura no estado de Santa Catarina.


Alguns dados trazidos pela Revista Peixe SC são importantes de se reforçar: na primeira edição, a revista já lançou uma ideia de automação para a aquicultura, o conceito de ‘Smart Cultive’. No segundo lançamento, a Peixe SC já estava apresentando o ‘Sorvete com Ômega 3 de Biomassa de Surimi’, o famoso kani. Na terceira edição, a startup já estava implementando o ’Scrum’, estrutura para gerenciamento usada no desenvolvimento de softwares, muito utilizada no agronegócio.




Os planos para o futuro não param de crescer dentro da Peixe SC, afinal, são 4 anos de muito desenvolvimento e pesquisa. Eles possuem o objetivo de, até final deste ano, ter a capacidade de cultivo de cem mil indivíduos por mês. 


“O cultivo surgiu observando a frustrante captura de iscas antes de começar a pesca, junto com os pescadores amadores do Rio Piçarras, que fica na divisa entre as cidades de Balneário Piçarras e Penha, em Santa Catarina. Assim surgiu a Peixe SC: o cultivo de espécies ornamentais que revolucionou a pescaria. Foi a sacada ideal para diversas modalidades de pesca de água doce e marítima”, explicou o aquicultor.



A Peixe SC realiza a alimentação dos peixes ornamentais com alimentos altamente nutritivos. A partir daí, os peixes convertem esse alimento em lixo orgânico. O sistema de circulação de água residual funciona por meio de bactérias e o transforma em fertilizantes. Em todo o processo, a água é filtrada, retornando para o tanque dos peixes e recomeçando o ciclo, se tornando 100% orgânico.


Gilbram explica que, dentro desse método, é possível controlar todas as condições de cultivo, protegendo as unidades de qualquer tipo de pragas que possam surgir. Segundo o proprietário, a startup é pioneira no cultivo e desenvolvendo de técnicas de produção, manejo e processamento das iscas.


“Difundimos o aquarismo, a pescaria amadora, comercial e esportiva. Além da redução da coleta em ambiente natural, e uso sustentável dos recursos naturais. Mais do que sustentabilidade, queremos prosperidade, diversidade e abundância do planeta. Queremos que produtos e processos sejam desenhados com inteligência e intencionalidade desde o início. Usamos a inteligência da natureza em nossos processos aquícolas, em um sistemas benéfico e efetivo. A aquicultura e a pesca devem ser restaurativas. Celebramos a diversidade de culturas, de espécies e de possíveis soluções para um problema”, afirma Gilbram.



Em contato com a nossa equipe, ele comentou que a Peixe SC acredita na ideia de uma economia circular como ferramenta capaz de permitir o avanço na gestão de resíduos e de materiais como nutrientes. Para ele, é um projeto que vai muito além da sustentabilidade, sendo um chamado direto para pescadores, produtores e todos que se interessam pela área.


“Vamos além da sustentabilidade! Vamos refazer nosso jeito de construir as coisas! Por trás de toda pesca ou aquarismo, tem trabalho sustentável”, disse.


A startup irá utilizar o aporte de tokenização para crescer e atingir as metas, com um processo ágil de gestão, apostando na estrutura do e-commerce, logística e marketing internacional. Gilbram comenta que a Peixe SC tem a capacidade de vender iscas para mais de 150 países de forma direta e independente.


Com isso, a startup, segundo seu proprietário, tem a confiança e transparência como centro do projeto. Tornando possível a criação de uma relação mais moderna, na qual a satisfação de todos é garantida, facilitando a compra e entrega por meios digitais de forma integrada e coordenada com a digitalização desse ativo. Gilbram comenta que isso pode proporcionar à aquicultura nacional, uma forma segura de aquisição em uma maneira pouca difundida.



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