Um pequeno animal, mas que pode causar grandes prejuízos ambientais e econômicos para a piscicultura: o mexilhão-dourado. Ele é foco de estudo de uma parceria entre o Instituto de Pesca (IP-APTA), da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, e a iniciativa privada, que busca conhecer a fundo as características desse molusco.
Por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT-IP), o objetivo dos pesquisadores é ampliar o conhecimento sobre o mexilhão-dourado para criar estratégias de controle. "Os projetos realizam o monitoramento do animal na coluna d’água de pisciculturas para identificar os períodos de picos reprodutivos e estágios larvais, visando subsidiar estudos e ações de mitigação do impacto dessa bioinvasão", explica Daercy Ayroza, pesquisadora do IP.
Segundo ela, com o avanço no conhecimento da morfologia e ciclo de vida do animal, novos recursos tecnológicos podem se tornar realidade e trazer um tratamento eficaz para esse problema. "Estamos buscando recursos para desenvolver projeto de P&D em parceria, com a finalidade de testar materiais anti-incrustantes para as telas", ressalta. Os prejuízos podem ser causados, principalmente, para os produtores de peixe em sistema de tanque-rede. As infestações com mexilhão-dourado podem elevar em até 27,25% o custo de produção do pescado devido à necessidade constante da limpeza das telas dos tanques para a retirada dos
animais.
“Elo entre a pesquisa, empresas e o produtor é fundamental”, diz apresentadora do Aqua Negócios
Para a zootecnista e apresentadora do programa Aqua Negócios, Daniela Nomura, a iniciativa é fundamental, já que trabalha o elo entre a pesquisa, empresas e o produtor. “É a melhor maneira para que, juntos, possamos otimizar e produzir melhor”, ressalta. Daniela conta que o sistema de criação de peixes em tanques-rede iniciou no Brasil por volta dos anos 2000 e, desde 2014, o mexilhão-dourado encontrou nas telas dos tanques o lugar perfeito para se instalar e se reproduzir.
De rápida proliferação, o animal se alastra chegando a ocupar toda a tela dos tanques. “Os desafios de controle são grandes, já que o mexilhão-dourado diminui a capacidade de circulação da água dentro do tanque, podendo ocupar 100% da tela em um período de 5 a 9 meses. Isso pesa e pode acarretar no afundamento do tanque. É possível também provocar lesões no corpo dos peixes e, com isso, favorecer ao surgimento de doenças e prejuízos na comercialização”, destaca.
Mas, com o avanço da cadeia produtiva, surgiram estratégias para combater e controlar o mexilhão-dourado. “Os produtores acabaram desenvolvendo soluções para conviver com o mexilhão-dourado sem a necessidade de exterminar o molusco e prejudicar o meio ambiente, mas que elevam os custos produtivos com a utilização de mais tanques e manejos na piscicultura. Por isso, iniciativas privadas em parceria com institutos de pesquisas são tão importantes para trazer ainda mais alternativas que visam o sucesso do setor da piscicultura”.
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