Técnicos que atuam no segmento de saúde animal em diferentes partes do Brasil estão debruçados há pouco mais de um mês sobre os principais desafios sanitários enfrentados pelo setor de piscicultura no país. O grupo faz parte do Comitê de Sanidade, criado pela Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), com o objetivo de regularizar boas práticas de manejo sanitário e, consequentemente, trazer mais segurança para o produtor e para o consumidor.
“É fundamental para a segurança da atividade, porque uma enfermidade pode aparecer e dizimar o negócio, como é importante para a segurança alimentar do consumidor”, justifica Francisco Medeiros, presidente executivo da Peixe BR.
O coordenador do comitê, Luiz Eduardo Conte, explica que uma questão pontual, a identificação de um vírus em uma fazenda na região de Goiás, em meados de agosto, acabou acelerando a necessidade de criação de um grupo organizado para pensar ações relacionadas à sanidade animal. Entretanto, essa era uma demanda que já vinha sendo pautada devido ao crescimento do setor.
“É importante esse setor se organizar porque, à medida que você aumenta a produção, tendem a aumentar os problemas sanitários”, destaca Luiz, que é médico veterinário e atua há 15 anos com biosseguridade. “No setor de aquicultura, temos pequenos, médios e grandes produtores, precisamos criar uma metodologia que atenda todo o setor e também o Ministério da Agricultura”, detalha.
O comitê, que conta com 21 associados à Peixe BR, foi dividido em seis grupos de trabalho para que cada um deles possa focar em uma pauta específica, discutir as melhores práticas de manejo e elaborar documentos técnicos, que serão divulgados a produtores e órgãos de controle interessados, por meio da Peixe BR.
Programa Nacional de Segurança Aquícola
Uma das principais metas do comitê é auxiliar o Ministério da Agricultura, Pecuáriae Abastecimento (MAPA) na implementação do Programa Nacional de Segurança Aquícola, aproveitando o conhecimento especializado de quem atua no setor. “Já existe [um programa de sanidade] de maneira muito sólida para suínos, bovinos, mas não existe para peixes de cultivo”, argumenta o presidente executivo da Peixe BR.
A iniciativa também deve colaborar para a exportação de peixes, uma vez que o mercado internacional, na avaliação dele, é exigente em relação a questões sanitárias. “Estamos incrementando o mercado externo, principalmente com relação à tilápia. Estamos indo muito bem, mas se não tivermos um programa de sanidade aquícola, teremos problemas de exportação”, antecipa Francisco. “Um país não quer importar doença, quer importar alimento”, conclui.
A expectativa da Peixe BR é que o Programa Nacional de Segurança Aquícola esteja totalmente implementado em 2021, já que para ser executado ainda depende de acordos do governo federal com os órgãos estaduais e capacitação de servidores nos estados.
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